Resenha Literária: Jogos Vorazes
Por: Natty Faria e Gabriel Manoel
Título: Jogos Vorazes Vol. 01 – Jogos Vorazes
Autor: Susanne Collins
Editora: Rocco
Ano de lançamento: 2008 (EUA) / 2010 (Brasil)
"Panem
é um país que surgiu da extinta América do Norte, dividido em 13 distritos e
uma Capital. Havia paz, até que os distritos se rebelaram contra o domínio da
Capital, e foram derrotados. Com a derrota, o 13º distrito foi eliminado, e
para lembrar aos 12 restantes o poder absoluto da Capital, vieram os Jogos
Vorazes: um reality-show obrigatório, para o qual cada distrito cede 2 tributos
entre 12 e 18 anos, sendo um do sexo feminino e outro do sexo masculino. Os 24
tributos são jogados em uma arena onde devem lutar até a morte, até que reste
somente um vencedor."
A história de Jogos Vorazes
é narrada em primeira pessoa, e acompanhamos Katniss Everdeen, uma garota que
cuida (praticamente) sozinha de sua família, formada por uma mãe que passou por
um período duro de depressão após a morte do marido, e uma irmã mais nova. Elas
vivem na Costura, uma das áreas mais pobres do Distrito 12 (que também é o mais
pobre?). Katniss costuma caçar na floresta com seu amigo Gale e vender o que
caça no “mercado negro” chamado Prego, para garantir o sustento da família. Sua
mãe e irmã são conhecidas por cuidarem dos doentes da Costura basicamente
usando ervas medicinais. O livro relata um mundo distópico, ou seja, onde a
realidade é opressiva e um governo controlador, assim como ele nos mostra a
desigualdade social entre os distritos. Cada distrito precisa colher e fornecer
à capital.
Nas primeiras páginas,
Katniss basicamente conta como a vida é difícil no Distrito 12, e percebemos o
quanto seu amigo Gale demonstra sua revolta contra a Capital, embora até então,
Katniss não tome partido abertamente, por acreditar que não poderia mudar as
coisas. Mas quando o nome de sua irmã de 12 anos é chamado como tributo para os
Jogos Vorazes, as coisas mudam. Katniss se oferece como tributo, e de repente,
se vê como apenas um peão da Capital, sendo levada a lugares, sendo obrigada a
aguentar entrevistas, sendo jogada em uma arena com oponentes visivelmente mais
fortes e mais preparados, com apenas um objetivo: sobreviver.
Uma das coisas que mais
chamam a minha atenção neste livro é a forma com que a tirania da Capital é
mostrada. Por poder, eles não se importam de matar jovens que teriam uma vida
toda pela frente. Não satisfeitos em matá-los, eles transmitem os Jogos ao
vivo, e todas as pessoas são obrigadas a assistir, sob pena de serem presos,
torturados ou mesmo mortos pelos Pacificadores, caso não o façam. E depois,
tratam o vencedor como se ele fosse uma estrela, como se ele tivesse feito um
trabalho nobre e honroso. O sofrimento dos familiares dos tributos, os traumas
que os sobreviventes carregam, nada disso importa. A única coisa significante,
para a Capital, é que todos vejam quem são os poderosos e como e como que
facilidade eles podem te atingir. Como eles poderiam fazer coisas ainda mais
terríveis – sim, porque a mente humana é de criatividade ilimitada tanto para o
bem quanto para o mal – caso se rebelem novamente.
O medo e a resignação do
povo de Panem diante da Capital é digno de pena e revolta. Em muitos momentos
do livro, você se pega pensando no que poderia fazer para ajudá-los, ou no que
você faria no lugar deles. Questões sobre a política, sobre o povo e seus
governantes estão da primeira à última página, refletindo cenários que não são
tão diferentes assim de nossa realidade, embora nos livros sejam tratados de
forma mais poética e drástica (ou não).
Confesso que a Katniss,
embora seja inegavelmente corajosa, forte e determinada não é minha
protagonista favorita entre os livros, e o romance dela com o Peeta, na minha
opinião, é forçado. Literalmente forçado, quando poderia ter dado mais tempo
para que os sentimentos dela por ele – se não fossem somente de gratidão, já
que ela mesma se questiona se suas dívidas com o garoto do pão nunca vão
terminar – amadurecessem.
Em resumo a escrita da
autora é completamente rica em detalhes. É fácil entender como é feita a
escolha dos tributos até ir a arena, como os jogos funcionam e o que acontece
com o vencedor dos jogos. Uma escrita clara a ponto de você conseguir
visualizar o que está acontecendo, mediados por momentos simples e
significativos para que você, leitor, assim como o povo de Panem, lembre-se de
que não importa o quanto a situação esteja ruim, sempre existe uma centelha de
esperança.
Comentários
Postar um comentário