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Resenha Literária: Feita de Fumaça e Osso de Laini Taylor

 

Resenha Literária: Feita de Fumaça e Osso de Laini Taylor

Por: Natty Faria e Gabriel Manoel


Título: Feita de Fumaça e Osso
Autor:  Laini Taylor
Editora: Intrínseca
Ano de lançamento: 2011
Avaliação: ⭐⭐⭐⭐ (4)

"Pelos quatro cantos da Terra, marcas de mãos negras aparecem nas portas das casas, gravadas a fogo por seres alados que surgem de uma fenda no céu. Em uma loja sombria e empoeirada, o estoque de dentes de um demônio está perigosamente baixo. E, nas tumultuadas ruas de Praga, uma jovem estudante de arte está prestes a se envolver em uma guerra de outro mundo. O nome dela é Karou. Seus cadernos de desenho são repletos de monstros que podem ou não ser reais; ela desaparece e ressurge do nada, despachada em enigmáticas missões; fala diversas línguas, nem todas humanas, e seu cabelo azul nasce exatamente dessa cor. Quem ela é de verdade?"

Feita de Fumaça e Osso é um livro que tem como base a guerra entre espécies – como um bom livro de fantasia –, os Serafins e os Quimeras. Na história, acompanhamos Karou, uma garota de cabelos azuis, criada por monstros que tem uma vida dupla: estudante de arte e agente de missões de um demônio. Essa parte do livro é para ambientar o leitor na vida de Karou, nas razões por trás de suas mentiras, nos segredos que ela esconde, em seu conforto com a espécie de quimeras e mesmo com as missões que tem que realizar. Superficialmente, a autora nos diz que Karou é mais do que aparenta ser, citando seu treinamento e sua criação.

Em certa ocasião, Brimstone, o demônio que a cria e o mais próximo de um pai que ela conhece, pede para que ela realize uma de suas missões – buscar dentes – no Marrocos. Lá, ela vê um serafim pela primeira vez, luta com ele e consegue voltar, mesmo ferida, através do portal para a loja onde foi criada. A esta altura, a curiosidade de Karou a coloca em perigo e Brimstone, enfurecido, a expulsa da loja. Ela volta para seu apartamento, onde depois conta a verdade para a sua melhor amiga a respeito de sua vida dupla, e quando vê uma das criaturas que conhecia, em chamas, morrendo em suas mãos, ela descobre que os portais desapareceram e ela nunca poderá voltar e rever aqueles que ama.

É aí que o livro fica mais interessante. Karou descobre ter muito dinheiro à disposição, o que é útil para as viagens que precisa fazer agora que não há mais portais. Ela ainda está sendo perseguida pelo serafim e precisa se aliar a uma criatura odiosa para reencontrar o único portal que resta (e que fica no céu) e rever sua família. Nesta segunda parte, ela e o serafim – Akiva – acabam se entendendo e se apaixonando, e as coisas parecem ainda mais complicadas quando ele toca o osso que ela carrega no pescoço, dado por Brimstone, mas outros serafins aparecem, fazendo com que ele fique contra seus irmãos para protegê-la. Karou foge, atendendo ao pedido de Akiva, e promete esperá-lo no lugar onde se viram pela primeira vez. Ele finalmente chega e, juntos, quebram o osso. Por fim, na última parte do livro, Karou descobre a verdade sobre si, sobre quimeras e serafins, sobre os dentes, o sumiço dos portais e o papel de Akiva no desaparecimento de sua família. Tudo à sua volta dizia que ela deveria desistir, mas tudo o que lhe resta é dor e a única coisa que pode superar a dor é a esperança (karou, na língua dos quimeras).

A primeira parte do livro é um pouco arrastada, contando os dramas de adolescente de Karou. Somente as partes em que ela está em alguma missão mantém o leitor preso – por ser algo mais interessante. Na segunda parte, quando ela decide trazer sua família de quimeras de volta é que as coisas se alinham e daí, para terminar o livro, é rapidinho, porque é ação atrás de ação, entremeada com flashbacks que levam o leitor a entender a história aos poucos e é essa suspensão de informações que fazem desse um bom livro, mesmo que o final – que me agradou – não seja nada além do natural pelo rumo que a história tomou. Embora o romance de Karou e Akiva aconteça de uma maneira muito óbvia e nada surpreendente, assim como a descoberta dos verdadeiros “vilões” (também mostrados sem muita profundidade neste livro), ainda é um romance bom. Acredito que a autora poderia ter abreviado um pouco as partes mais “mundanas” da história, mas no geral, não prejudicou a qualidade da leitura, que me deixou, sim, com vontade de concluir a trilogia. 

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